quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ESTES NOSSOS BRINQUEDOS COLORIDOS




Todo pescador sabe que aquela pescaria agendada começa bem antes do momento em que as iscas serão lançadas na água. A preparação da tralha, a escolha das iscas, a confecção dos nós, o lanche, a previsão do tempo etc, tudo isso já é a pescaria acontecendo, ao menos na expectativa do pescador.
Em se tratando de iscas artificiais, ou de quem quiser usa-las de forma mais eficiente e dinâmica, será preciso uma conscientização de que pescar começa muito antes de qualquer pescaria agendada. Explico: algum tempo dedicado à leitura, a pesquisa, ao estudo será necessário para quem quiser realmente compreender o que é pescar com esses peixes de plástico ou de qualquer outra matéria prima. Vale lembrar que as primeiras iscas artificiais em forma de "plug" (também chamados simplesmente de baits) confeccionadas pelo finlandês Louri Rapala em 1930, considerado o pai desta modalidade, eram feitas de madeira balsa, material ainda utilizado e bem aceito até hoje.
Meu objetivo neste artigo é procurar trazer, principalmente ao iniciante no uso de artificias, uma visão geral e didática de como esses nossos brinquedos de classificam. Pode parecer inútil, porém este entendimento nos permite uma visão mais abrangente sobre o assunto que nos ajuda na hora de escolher qual isca usar na hora em que elas deverão fazer o papel para o qual foram projetadas: trazer até nós aquele belo troféu .
Basicamente, o tipo de isca artificial aqui em voga é classificado pela profundidade da ação das mesmas na coluna d’água, ou seja onde na água elas vão trabalhar nadar. Veremos também dentro de cada classe os principais modelos diferenciados pelo trabalho que realizam. Dois detalhes aqui se fazem necessários, primeiramente não vou abordar o assunto “marca” de isca, cada um vai adquirindo suas iscas de acordo com gosto pessoal e condição financeira. Pretendo ainda escrever sobre isto, mas já adianto que o conceito de isca melhor é bastante relativo. O segundo detalhe é que não vou tratar aqui do assunto “como trabalhar cada isca”. Este tema também vai ficar para outro artigo.

Assim, usando o critério de classificar as artificiais pela profundidade de ação, podemos dizer que os plugs se classificam assim:

Iscas de Superfície – Como o nome já diz seu raio de ação acontece na “flor da água”. São consideradas as mais esportivas das iscas artificiais, principalmente pelo fato de proporcionar ao pescador a visualização do ataque do peixe. Os modelos mais conhecidos são:
- As zaras – Iscas que trabalham fazendo um “Z” enquanto nadam. Possivelmente, dentre as iscas de superfície, estas sejam as mais famosas. Seu nado imita um peixinho ferido ou em fuga.
-Os sticks – Seu nome significa “palito” exatamente porque se caracteriza por ficar boiando “em pé” quando o pescador para de recolher a linha, ou fazer o trabalho de nado. Este fato se dá porque os sticks possuem um lastro (peso) em sua parte traseira. Normalmente são iscas muito dinâmicas, isso porque aceitam o trabalho de zara e ainda podem nadar na sub-superficie, se o pescador adquirir a pratica para tal. Entretanto sua principal característica é poder nadar praticamente no mesmo lugar, aliás esse é o nado clássico dos sticks, imitar uma presa que tenta afundar, mas não consegue se estabilizar, por isso boia tentando respirar.
-Os poppers – Iscas que possuem na frente uma abertura como se fosse uma grande boca aberta. Seu nome vem do barulho e das bolhas que se formam quando a isca é trabalhada. Simula um pequeno predador caçando no território alheio, aguçando assim o instinto de defesa territorial do predador.
- As hélices – Muitas lembram as zaras em seu formato, porém equipadas com um par de hélices atrás (algumas também as tem na frente). Seu trabalho visa atrair o predador pelo barulho que as hélices produzem na água. Podem imitar o mesmo que os poppers, irritando o peixe pelo ruído que gera, porém também podem se assemelhar a um inseto que caiu na água e nada batendo suas asas na superfície.
Para a maioria dos pescadores esportivos a experiência de pescar com iscas de superfície torna-se uma pescaria a parte, fazendo com que alguns busquem pescar dessa forma mais do que com as demais modalidades. Os pescadores de Tucunarés, Traíras, Robalos nos mangues, Xaréus, Ubaranas, dentre outras espécies, que o digam. Quando o peixe não come “em cima” parece que falta alguma coisa.

Isca de Meia Água – Também conforme a denominação já diz, seu trabalho é abaixo da linha mais superficial do espelho d´agua. Sem duvida são as iscas artificiais mais utilizadas. Em alguns lugares ainda são chamadas de “rapalas”, herança dos tempos em que a dificuldade de adiquirir iscas artificiais fazia com que só a famosa marca fosse conhecida e assim virou o nome “genérico” dos plugs de meia água. Em se tratando do raio de ação na coluna dágua quando trabalhadas há três formas de caracterizar estes modelos de plugs. Esta caracterização se dá pelo o que ocorrerá com a isca depois que ela cair na água pós arremesso. Os termos usados são em inglês, mas são facilmente compreendidos, são eles: Floating; Suspending; Sinking, respectivamente significando Flutua; Suspensão e Afunda. Ou seja, quando caem na água alguns plugs flutuam e então seu nado “será de cima para baixo”. Os plugs que são suspendings, quando chegam à água afundam um pouco e depois para, de afundar ficando em suspensão, logo seu nado será já apartir da meia água para uma profundidade maior. As isca sinkings, logicamente , afundam e seu nado então, em termos de direção é do fundo para a superfície, “de baixo para cima. Vamos aos modelos.
- As Twitch Baits – O sentido do termo diz respeito ao trabalho extremamente errático que estas iscas fazem (twitch, espasmo ou toque repentino). Alguns pensam nestas iscas como sendo de superfície, porém, a maioria delas são de sub-superficie, dado que trabalham, a baixo da linha dagua, mas em menos profundidade que as iscas de meia água. Também podem ser floatings ou sinkings, isso corrobora mais ainda para classifica-las juntos aos demais modelos de meia-água, ainda que possam ser colocadas como um classe a parte.
- Os plugs de barbela – São as iscas de meia água clássicas. Barbela é a peça de plástico ou metal colocada na frente destas iscas e que determinam a profundidade do nado e a dinâmica do nado da isca. Quanto maior a barbela mais profundo será o nado da isca. Algumas dessas iscas são desenhas exclusivamente para uso na modalidade conhecida como “currico”, quando a embarcação literalmente reboca a iscas em uma velocidade pre determinada, fazendo assim com que a isca nade na profundidade para a qual foi projetada.

Isca de Fundo (deep) – São iscas que atingem maiores profundidas que as de meia água, trabalhando, muitas vezes, rente ao fundo, tocando as estruturas que estão ali servindo de esconderijo para os predadores que espreitam suas presas. Alguns exemplos de iscas que trabalham desta forma são:
- Os plugs “barbeludos” – São iscas que possuem barbela bem grande e por isso nadam mais profundamente. Bem conhecidas nesta modalidade são as Crank Baits, que nadam “empurrando” o fundo com a parte dianteira da isca voltada para baixo, como um peixinho se alimentando do sedimendo.
- Os rattlings – Iscas que se caracterizam pelo barulho de chocalho (rattling) que fazem.
-Os Jigs – Aqui há uma variedade significativa de iscas: Jigs de peninha, jig head em iscas de silicone, junping jigs são exemplo de iscas extremamente produtivas e dinâmicas também. Como não são plugs não me dedicarei a eles agora, mas certamente voltaremos ao assunto.

Espero que este artigo sirva a você pescador como uma pequena ferramenta já que é um simples resumo de uma parte do vasto universo das iscas artificias. Um dos segredos na vida é nunca parar de aprender, para isso é preciso saber que há coisas que ainda não sabemos. Aqui tentei apenas dar uma visão geral do assunto. Se ajudar a você, valeu a pena o esforço.

Um grande abraço,
Fabio Teixeira

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ACREDITO QUE TUDO COMEÇA ASSIM...


No Brasil pescar é sinônimo de peixe morto. "Matamos muito peixe hoje", é a forma comum de traduzir em palavras uma boa pescaria. "Esta isca é matadeira", assim se diz que determinada isca é produtiva na opinião de quem a lança na água.

O tema é dos mais polêmicos, porém o encaro com simplicidade. A mudança do paradigma "peixe morto, pescaria boa" já mudaria muita coisa. Entretando paradigmas são construções fortes e nada faceis de serem abalados, mas, mesmo que poucos comecem a mudança, ao menos alguma mudança ocorrerá.

Acho bem interessante levar um peixe para casa ou presentear um amigo com uma refeição feita com um peixe que eu mesmo pesquei e ainda poder dizer: "é peixe pescado e não peixe comprado", mas, como tudo na vida, para que a gente não se aproxime dos abismos que são os extremos, precisamos das seguintes palavras mágicas permeando nossas ações e decisões: equilíbrio, bom senso e razão, tudo isso temperado por uma boa dose de amor pelo que se faz.

Um outro paradigma que se faz presente nas pescarias é a forma como vemos os peixes. As estrelas destes dias tão especiais para nós, muitas vezes, são tratados como inimigos e não como oponentes neste jogo. O paradigma anterior nasce deste segundo. Inimigos querem a destruição do outro, oponentes só estão defendendo-se, e por isso brigam. Aliás, o que para nós, na maioria das vezes, é diversão, para estes seres vivos é uma questão de vida ou morte. É pela vida que eles estão lutando. Deveria ser sempre assim? Eles não podem ser tratados apenas como parte de um jogo de vida ou vida? Ao menos vale a refelexão.

Acredito que tudo começa assim, a beleza da pescaria está na harmonia, na água, na boa compania, nas boas risadas, no vento e também no peixe. Mais do que presas os peixes são parte destes dias felizes de linhas esticadas e almas descansadas.

Este é o espirito deste blog. Sejam todos bem vindos e espero que aproveitemos bem este espaço.

Um grande abraço,
Fabio Teixeira